Alfenas
Cortes no Centro Municipal de Autismo em Alfenas: Mães estão revoltadas com a situação
Centenas de famílias afetadas pelo corte de funcionários; nossa produção recebeu até uma carta, veja a revolta.
29 de outubro de 2024
Uma onda de revolta tomou conta das mães de crianças com autismo e Transtorno do Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) em Alfenas, após a Prefeitura Municipal anunciar cortes no Centro Municipal de Autismo. Os cortes afetam diretamente o tratamento das crianças, deixando famílias desamparadas.
“É um retrocesso”, afirma uma familiar de uma criança autista. “Os terapeutas vão permanecer, mas até quando? Os outros servidores de coordenação foram cortados ao meio. O autista precisa continuar com os vínculos que criaram para permanecer regulados.”
As mães relatam que a Prefeitura tem dinheiro para trazer shows para a cidade, mas não tem recursos para manter o tratamento essencial para suas crianças. “Que incompetência é essa, Prefeito Fábio?”, questionam.
O Centro Municipal de Autismo é referência no tratamento de crianças com autismo e TDAH em Alfenas. A suspensão do tratamento deixará centenas de famílias sem apoio. As mães pedem socorro e exigem que a Prefeitura reconsidere os cortes.
“O tratamento não pode parar”, enfatizam.
“Nossas crianças precisam de apoio constante para se desenvolverem.”
Até uma carta foi enviada para a nossa produção mas uma das mães pediu para não ser identificada.
Carta de Luto
Lugar Qualquer, 28 de outubro
Querida Alfenas,
É com muita dor no coração que informo tristes notícias de uma cidade onde a mentira passa por verdade absoluta.
Tudo começou, creio, entre 2018 e 2019. Na época, o prefeito Luizinho, hoje deputado estadual, usou o termo “autista” como forma de chingamento ao presidente da época. Uma fala realmente criminosa, preconceituosa e covarde.
A população se revoltou, chegando às mídias nacionais. O pseudo senhor, arrependido, criou o projeto Centro Municipal do Autista.
Nossa, foi feita a maior propaganda do lugar: atendimento qualificado gratuito. As famílias ficaram entusiasmadas com tamanha notícia.
Mas o primeiro ano foi um desastre total, com falta de profissionais qualificados, núcleos desestruturados, simplesmente à deriva, e o principal, sem uma pasta (Secretaria) onde tirar fundos.
Até que um dia, tudo mudou. Aconteceu processo seletivo para especialistas qualificados; professoras tiveram extensão de cargos para serem secretárias, coordenadoras, acolhedoras de famílias, psicopedagogas.
Um projeto que ressurgiu das cinzas como uma fênix. Fui testemunha ocular de tais melhorias.
Claro que em Alfenas sempre tem um lugar onde colocam bons funcionários e os “meia-boca”. Enfim, não há perfeição neste mundo.
Outra coisa: continuavam sem pasta definida. Dizem as más línguas que acontecem desvios da educação, saúde, mas isso é assunto para outro dia.
Tudo ia bem em Alfenas: tinha rodeio com cantores famosos com ingressos sociais, festas para algumas comunidades, shows com estrelas da música gratuito. O dinheiro jorrava pelas torneiras públicas.
Ch egou às campanhas políticas com a confirmação de que nada ia mudar.
Alguns dias após a reeleição, veio a triste notícia: o sonho morreu com falta de renovação de contratos, dispensas das professoras que eram colaboradoras dos Núcleos.
Os contratos venceram, sim, mas por que não renovaram antes do término?
Retirar as colaboradoras deixa um buraco no acolhimento que, muitas vezes, em um dia desgastante, faz grande diferença.
Fora que ninguém esperava isso, que vai entrar em vigor dia 1º/11/24.
Dentro do atendimento terapêutico, não existe pausas; o vínculo é necessário, precioso.
Os administradores dessa cidade precisam entender a profundidade e complexidade que é o espectro autista e não podem brincar de casinha quando não querem mais, deixando de lado.
Ainda disseram que mandaram embora para contratar outras lá no dia 10 de janeiro.
Até lá, algumas fazem sacrifícios para preservar a boa imagem.
Essa foi a carta de revolta ou luto que nossa produção recebeu. Esperamos que a prefeitura tome uma posição e tenha responsabilidades, autismo não é brincadeira.
Da Redação